Problemas de Filme Duro

Como é de domínio público, este filme está sendo feito sem dinheiro. E até tem andando bem sem o vil metal. Mas tem horas em que é duro fazer um filme duro. De novo, o problema é hard disk. Este diretor, que ora vos fala, filma muito. Estamos com uma cinco horas para digitalizar e só há espaço para umas duas nos já três hard disks que estamos usando. No total, cerca de um terabyte já foram ocupados pelo material bruto do filme. Precisamos de mais HDs firewire. Nada demais, mas pra quem está duro… Esse probleminha menor já atrasou mais de uma semana o início da fase final da montagem. 

O Autor

Sérgio Sant’Anna, no nosso último dia de filmagens.

Palavras de Susana, depois do penúltimo dia de filmagem

“Este filme tem tudo pra acontecer no territorio fertil do acaso. A gente volta assim , depois de tanto tempo, sem ter visto nada , sem saber muito bem o que exatamente filmar, e assim mesmo o clima é de festejo e confiança. Acho que no fim das contas a gente gosta e se  coloca de novo de frente pro bom abismo da experiência, e conquista, assim, meio que de quebra, quase sem querer, o frescor e a tão perseguida espontaniedade”.

Susana Ribeiro, depois de um dia de filmagens, no Jockey.

Penúltimo dia

Estou exausto e nem consigo blogar nada. Mas não queria deixar em branco que hoje tivemos um ótimo dia de filmagem. Fizemos hoje o debate entre o elenco, eu e Sérgio Sant’Anna, e algumas cenas adicionais que eu escrevi depois dos últimos meses de edição. Foi tudo filmado no Teatro do Jockey, no Rio. As fotos abaixo não são os stills oficiais do filme, são apenas fotinhas amadoras do celular desse diretor cansado, mas feliz.

 

 

 

 

A volta do Romance

Nesta sexta-feira, a equipe do longa Um romance de geração levanta mais cedo da cama, espanta o frio e volta a aquecer o set do filme de David França Mendes. A partir das 7h da manhã, elenco, fotógrafos, produtores, David e, em especial, o escritor Sérgio Sant´Anna, autor do romance que dá nome ao filme, se reunirão no Teatro do Jockey para rodar a segunda parte das filmagens, apelidadas de “cenas documentais”.

Mas por que Sérgio, o autor do romance, vai ao set tão cedo? Porque, agora, o filme atinge o climax de sua metalinguagem: Sérgio e David viram personagens de si mesmos e passam para a frente das câmeras. Em tom de making of, as filmagens, que se estendem até domingo, prometem ser uma experiência inusitada para os dois, que, claro, dividirão a cena com os atores Isaac Bernat, Lorenna da Silva, Nina Morena e Susana Ribeiro. Sob um novo ponto de vista, seus personagens – Carlos Santeiro e a jornalista por quem ele se apaixona – deixam a intimidade do estúdio-conjugado e ganham as ruas cariocas.

Curiosa para saber a expectativa da equipe com a retomada das filmagens, recebi respostas interessantes !

De Isaac Bernat , ator

“Espero que façamos um bom jogo com muitos gols e que o Cicero [ diretor de fotografia] finalmente me agracie com grandes e belos closes…” Sobre a mudança no tom das filmagens, Isaac foi, digamos, filosófico… “Acho que nunca deixamos de ser nós mesmos, ao mesmo tempo que nos emprestamos a este outro que sempre nos revela algo que estava em nós mas não sabíamos”.

De Lorenna da Silva, atriz

“A minha expectativa é conseguir chegar às 8h o menos amassada possível, passar no salão para fazer as unhas (será que vou conseguir ? hoje é feriado!) ler o roteiro e dar um sentido aquilo tudo ou não… Me divertir com os meus colegas e contribuir de alguma maneira para o cinema nacional , ou será muita pretensão ?!Quanto à fotografia , iluminação e tudo o mais espero que esteja tudo “up to date” .E no mais …muita oração !!!!! “

De Vivian Maia, continuísta

“Além de rever os amigos, sinto que essa parte mais documental dará uma forma mais interessante e diferente ao filme. Além disso, creio que muitas surpresas ainda devam acontecer. A surpresa no documental, mesmo que haja algumas previsões e caminhos pré-determinados, é inerente ao formato. Se já com um roteiro ficcional em mãos – e muito bem amarrado, por sinal – inventamos diversas ações, falas e visões já no set, imagino quantas gratas surpresas e idéias teremos nessa fase do projeto.

A câmera não é nada careta nesse filme. A palavra de ordem no set era câmera na mão. A descontinuidade aparente do filme também é algo que nada tem de conservador. Acredito que ganharemos muito misturando ficção com “realidade”. Intercalar esses dois aspectos dará um ritmo ao filme que nos deixará com a sensação de descobrir mais e mais sobre ele. O filme nos tira da velha sensação de espectador passivo e nos tira pra viajar junto com ele. Não apenas recebemos as informações que nos são dadas pela trama, mas justamente por misturar a parte documental, nos sentimos um pouco mais próximos do filme. Vimos que o que se passa na tela é tão real quanto nós”.

Trabalho e Prazer

Semana que vem, filmamos os trechos que faltam do filme. Hoje, estou terminando de estruturar o roteiro do que falta ser filmado. Mas você já não sabia o que ia filmar?, pergunta você. Sabia. Mas nesse filme podemos nos dar o luxo de descobrir coisas. Filmamos muito, Karen editou um tanto, vi e revi as edições, conversamos. Surgiram necessidades imprevistas e idéias imprevistas. Novos problemas e – espero – boas soluções.

Então, um novo roteiro está sendo terminado, e eu nem devia estar aqui blogando em vez de escrevendo, nessa noite de chuva e frio no Rio de Janeiro. Se o faço é apenas para deixar registrado que esse meu trabalho às vezes – às vezes, que fique bem claro, não sempre – pode ser um enorme prazer.

É um enorme prazer, por exemplo, ter uma nova idéia, simples e boa, projetá-la no cinema da mente e se divertir com ela quase como a gente se diverte vendo um filme que já existe. A idéia é simples e boa, e eu larguei o trabalho só pra dizer que tive uma idéia simples e boa – que eu adoraria contar, mas vou fazer suspense, é claro – e para compartilhar esse prazer com você, leitor dessas linhas.

Volto ao trabalho. Aguarde novos relatos e, em alguns dias, novas fotos. Quem sabe até algum vídeo?