Um Romance de Geração – O Filme

Blog do Longa-Metragem de David França Mendes

Archive for the ‘processo criativo’ Category

Trabalho e Prazer

Posted by davidfmendes em junho 2, 2007

Semana que vem, filmamos os trechos que faltam do filme. Hoje, estou terminando de estruturar o roteiro do que falta ser filmado. Mas você já não sabia o que ia filmar?, pergunta você. Sabia. Mas nesse filme podemos nos dar o luxo de descobrir coisas. Filmamos muito, Karen editou um tanto, vi e revi as edições, conversamos. Surgiram necessidades imprevistas e idéias imprevistas. Novos problemas e – espero – boas soluções.

Então, um novo roteiro está sendo terminado, e eu nem devia estar aqui blogando em vez de escrevendo, nessa noite de chuva e frio no Rio de Janeiro. Se o faço é apenas para deixar registrado que esse meu trabalho às vezes – às vezes, que fique bem claro, não sempre – pode ser um enorme prazer.

É um enorme prazer, por exemplo, ter uma nova idéia, simples e boa, projetá-la no cinema da mente e se divertir com ela quase como a gente se diverte vendo um filme que já existe. A idéia é simples e boa, e eu larguei o trabalho só pra dizer que tive uma idéia simples e boa – que eu adoraria contar, mas vou fazer suspense, é claro – e para compartilhar esse prazer com você, leitor dessas linhas.

Volto ao trabalho. Aguarde novos relatos e, em alguns dias, novas fotos. Quem sabe até algum vídeo?

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Novas Idéias, Novas Dúvidas

Posted by davidfmendes em março 19, 2007

Ontem revi o material com a Karen, que adicionou algumas sugestões que eu fiz da vez anterior. O processo é assim mesmo. Ela mexe no projeto, eu chego, assistimos juntos, eu dou palpites, digo o que eu gosto, o que eu não gosto e onde tenho dúvidas, às vezes discutimos possíveis soluções, outras ela fica com o dever de casa de propor alguma coisa.

O trabalho nesse momento é de dar essa forma, provisória ainda, mas clara o suficiente que me permita preparar o material que falta filmar.

A idéia original era de que isso que falta fosse basicamente documental. Atualmente, já não tenho tanta certeza. Haverá, sim, uma parcela documental, e sem dúvida uma pegada documental, mas eu sinto que necessito, para que o filme funcione, de intervenções precisas como só a ficção bem escrita pode oferecer.

Ainda bem que escrever ficção é o que eu faço na vida.

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Palavras e Gestos, Atrizes e Textos

Posted by davidfmendes em outubro 3, 2006

A Nina outro dia me perguntou se não era emocionante ver as palavras que a gente escreve ganharem vida quando os atores as interpretam. É, sim. E mais ainda quando eu vejo essa vida através da câmera e as coisas funcionam, e algo surge que é ao mesmo tempo bem o que eu imaginava e o inesperado. Respondi pra Nina que era inesquecível para mim o primeiro momento em que isso aconteceu, quando eu fiz meu primeiro curta, Vaidade (1989, co-dirigido por Vicente Amorim). Era o primeiro plano do primeiro filme. A atriz era a Júlia Lemmertz. A locação, por coincidência, era o estúdio de fotografia que o Cícero tinha em Santa Teresa. E foi bacana.

Momentos ainda mais fortes que aquele de tantos anos atrás têm acontecido diariamente agora, durante as filmagens do Um Romance de Geração. Domingo, por exemplo, aconteceu um desses. Quem contracenava com Isaac era Susana Ribeiro. A cena era a 23, uma das últimas a serem escritas, e das poucas que não chegaram a ser ensaiadas antes das filmagens. Foi preciso encontrar o tom, as marcas e os gestos já no set.

A equipe subiu para a pequena área do estúdio onde fazemos nossos lanches (os lanches, aliás, são um assunto à parte, do qual tratarei em breve) e ficamos só eu com os atores e a Inez, a melhor assistente de direção que um diretor pode pedir a Deus quando se trata de ensaiar. E começamos o ensaio. Primeiro só batendo o texto (isto é, os atores dizendo as falas em sequência, checando com o roteiro, um exercício de memorização). Depois, buscando o espaço a ser ocupado. Tenta-se isso, tenta-se aquilo. Finalmente, vamos às ações mesmo, os gestos.

E ver a Susi encontrar os gestos, e não só as palavras, para aquela cena que falava exatamente de gestos e palavras. foi incrível. E mais: ver como o Isaac, que contracenava com ela, reagia e criava a partir desses movimentos e gestos dela. Em vários momentos eu quase me esquecia de que estava ali para dirigir aquilo, e assistia a tudo como se fosse a um espetáculo pronto. Susana Ribeiro

(foto de Carlos Fernando Castro)

Mas eu não estava ali para assistir e sim para dirigir, e logo entendi que o maior desafio seria encontrar as posições de câmera e enquadramentos que mais favorecessem aquilo. Como fazer para que o que era bom e forte ao vivo fosse bom e forte na tela do cinema?

Para conseguir isso, e acho que consegui, contei com meu fotógrafo e câmera, Cícero, em dia especialmente inspirado. Encontramos, espero, os planos, os ângulos, os enquadramentos. Não costumo revisar material filmado na hora. Não há tempo e acho isso meio dispersivo. Mas esses takes eu quis ver junto com a equipe toda. Porque estavam bons mesmo.

Acho que se alguma qualidade esse filme tem é a do processo de trabalho que tivemos juntos, eu e o elenco, desde o início. Momentos assim, e muitos outros (mais tarde falo da cena que fizemos ontem, com Isaac e Nina, também muito legal), só podem acontecer quando você investe tempo, cérebro, esforço. Já vi muito diretor de cinema reclamar de ator, no Brasil. Sempre tive vontade de perguntar a esses colegas se eles tinham feito direto o dever-de-casa.

A gente fez.

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